Porque as pessoas desistem de fazer aula de dança?
O principal combustível dos profissionais ou academias de danças de salão no Brasil são os alunos.
Além do sentido financeiro uma grande motivação para estes profissionais é encontrar o real motivo que levou a pessoa a buscar uma aula de dança.
A dança de salão é uma atividade muito heterogênea, as pessoas procuram a dança por motivos diversos, assim como desenvolvem objetivos diferentes e também param por vários motivos.
Conversando com alguns amigos e professores pelo Brasil, recebi alguns feedbacks sobre os porquês de um aluno simplesmente desistir de algo que considero prazeroso e totalmente essencial em nossas vidas. A Dança de salão.
Por incrível que pareça o aluno procura vários itens na DS e o item “Aprender” acaba mesmo ficando em último lugar na lista.
Este post a meu ver, trará mais benefícios aos alunos, mesmo que contendo dicas para os profissionais de DS.
Ajustando estes pontos, com certeza daremos o melhor para o aluno e o mesmo terá melhores resultados e poderá entender também seus motivos na DS, evitando que desista antes de alcançar seus objetivos.
Alguns motivos são:
- Falta de parceiros que atendam às expectativas de quem está fazendo aula. Muitos alunos saem por que ficam sem par ou porquê os que vêm dançam muito menos.
- Entrada de alunos iniciantes em turmas já em desenvolvimento. Em uma turma com 1 mês de aula não cabe mais a entrada de alunos iniciantes.
- Falta de um bom atendimento. Não ter informação adequada, maus tratos na recepção, descaso com alguns tipos de cuidados que o aluno precisa ter.
- Saída do seu professor predileto, e o substituto, às vezes, não tem o mesmo carisma, então o professor sai e o aluno sai junto.
- O aluno achar que não leva jeito, baixa estima, que não vai dar certo, que não vai conseguir.
- Rejeição. Basta um dia o aluno ser rejeitado por um parceiro que aquilo causa uma explosão e uma depressão que o aluno não volta para a escola.
- Professor chato, que fala muito, que é muito científico, que tem muita sabedoria e que tem muita soberba.
- Excesso de feriados e recessos, o aluno ocupa o tempo dele com aquela rotina então quando tem aqueles recessos ou muitos feriados o aluno se sente pagando por uma coisa que ele não tem, que ele não vai obter, então ele se afasta 1 mês e depois ele não volta mais.
- Briga entre os professores. O casal às vezes discute quem está certo ou não e isso deixa os alunos muito constrangidos.
- “Esporro”, o professor chama o aluno na roda e diz que ele está errado de uma maneira não construtiva.
Como podemos ver existem muitas razões para o aluno sair da escola.
Se é difícil trazer, perder é fácil!
Quando o aluno entra para fazer uma aula de dança de salão ele na verdade está procurando um ritmo, um estilo, na cabeça dele ele quer dançar.E às vezes na cabeça dele ele nem sabe o porquê que ele quer dançar, ele simplesmente admira, tem vontade, curiosidade e se interessa pela dança.
Porém nós como profissionais da dança sabemos o porquê que ele quer dançar, ou seja, sabendo o que ele procura eu tenho que entregar o que ele procura.
Se eu entrego pra ele dentro da minha aula somente a dança, só passos, técnicas e ferramentas pra que ele aprenda a dançar a tendência é que ele desista.
Todo aprendizado é estressante por mais que seja dança e você está tentando fazer de uma maneira leve, mas o aluno se sente um pouco perdido no sentido de que ele aprende o tempo todo, e chega um ponto que ele não assimila aquele conteúdo todo.
No fim das contas do que ele precisa?
Socialização, diversão e integração, a dança é social, ele procurou a dança provavelmente pra se conectar mais com as pessoas, conhecer pessoas, fazer amigos, talvez inconscientemente ele nem saiba disso. É claro que no processo ele vai aprender também. A dança é apenas um meio e não um fim. Nós profissionais trabalhamos com pessoas, transformando vidas.
Falta de preparação do professor que, às vezes não consegue fazer a leitura da turma e apresenta apenas um caminho pra que todos possam seguir. Ele não leva em consideração as características, interesses e necessidades de cada um que está na aula, e, se o aluno não se enquadrar naquele modelo, ele acaba saindo.
Às vezes, nós profissionais dificultamos muito o aprendizado colocando algum “contratempo” no início, sendo que poderia ser mais simples.
Outro ponto é que algumas academias ou profissionais ensinam muita coisa em pouco tempo, fazendo com que os alunos não consigam ter uma boa absorção, desanimem e até desistam.
Vergonha.
Algumas vezes, parar de dançar está ligado ao motivo que as trouxeram para a dança, como por exemplo, o caso de pessoas que procuram um (a) namorado (a). Quando essas pessoas começam a namorar, se apaixonam e se dedicam tanto ao namoro que a dança deixa de ser o mais importante.
Algumas vezes, o (a) namorado (a) não dança e não quer começar, outras vezes os dois dançam, mas começam a focar mais em programas a dois.
Há aqueles que se separam de forma não amigável e um dos dois não quer mais conviver de jeito nenhum e mudam completamente até o círculo de amizades.
Há ainda as mudanças normais que ocorrem em determinados períodos da vida. Há pessoas que começam a estudar, há quem mude de emprego e os horários deixam de ser compatíveis, há quem mude de cidade. Há quem case ou se separe e precise de um período de adaptação emocional e financeira em sua nova rotina.
Existe também a questão da personalidade mesmo. Tem pessoas que se apaixonam perdidamente pela dança, vivem intensamente, querem dançar todos os dias, querem assistir todos os vídeos e em um determinado momento cansa, enjoa… Mas, porque é da personalidade dela!
Algumas vezes, essas pessoas voltam a dançar depois, e outras vezes, mudam a rotina de tal forma que não voltam a dançar, mas guardam na lembrança bons momentos vividos nessa época da sua vida.
O papel do professor de dança hoje é analisar o que os alunos estão buscando. Em pesquisa já foi comprovado que 90% dos alunos de dança não vão para a aula pra aprender a dançar e sim pra fazer amizades, se divertir, fazer atividades físicas, emagrecer. Então se eles não encontram estas coisas, eles desistem.
É também importante entendermos que nem sempre há “culpados” e que são apenas as mudanças naturais da vida!
Agradeço aos profissionais que compartilharam de suas experiências para composição deste artigo:
Jaime Arôxa – Rio de Janeiro / RJ
Cleidson Diniz – Fortaleza / CE
Mauro Ladeia – Lins / SP
Wanessa de Oliveira – Ribeirão Preto / SP
Marcelo Grangeiro – São Paulo / SP
Fonte: Danzarin
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