A dança com seus sentidos e significados
A Dança acompanhou a evolução da humanidade desde os tempos primitivos, sempre expressando e registrando através dos movimentos seus momentos históricos, sendo considerada a primeira manifestação corporal do emocional humano.
Cada povo que compreendeu a importância do corpo humano e principalmente a necessidade desse corpo de extravasar suas emoções, de relacionar-se consigo, com os outros e até mesmo com o ser supremo, que compreendeu a sua infinita capacidade de mover-se, de criar, de desenvolver seus domínios motores, sociais, afetivos e cognitivos, certamente cultivaram a dança e utilizaram-se dela como um meio de expressar suas características culturais, de comunicar-se, de educar-se, de distinguir-se e de aprimorar-se, possibilitando ao homem buscar os caminhos da sua auto-realização.
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Esta Arte, no decorrer de sua evolução, se manifestou em diferentes momentos, com diversos objetivos e de variadas formas, como: danças sagradas, danças populares, danças teatrais, entre outras, foi utilizada por muitas civilizações em diferentes épocas atribuindo-lhe diferentes sentidos e significados.
O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre a dança, seus sentidos e significados a partir de sua evolução histórica e de suas modalidades com intuito de aproximar o leitor desta arte milenar que está inserida nas diversas sociedades influenciando na construção das relações sociais e na disseminação cultural em diferentes épocas e contextos históricos.
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A dança: história, sentidos e significados
Historicamente, os primeiros registros referentes à dança, datam do Período Paleolítico Superior, então, podemos afirmar que esta forma de expressão tem sido o caminho da manifestação natural, sobre o qual, desde o início, o desenvolvimento integral do homem foi desencadeado. Foi também através desta arte que o homem se comunicou, estabelecendo assim sua interação social e conseqüentemente a formação de uma sociedade estruturada.
Segundo BERTONI (1992), uma necessidade interior, muito mais próxima do campo espiritual que do físico, foi o que motivou o homem a dançar utilizando-se do movimento como um veículo para a liberação de sua vida interior. Esses sentimentos estão intimamente ligados com a necessidade material do homem primitivo. Necessidade de amparo, abrigo, alimento, defesa, conquista, de procriação, saúde, comunicação e principalmente de desvendar os mistérios do mundo à sua volta.
O povo primitivo dançava por inúmeros motivos: para a caçada, colheita, alegria, tristeza, rituais aos seus deuses, casamento, para homenagear a natureza, para anunciar a guerra e descobriu durante sua evolução que poderia dançar por prazer, por lazer, para ostentar sua riqueza, afirmar seu poder e distinguir a sua classe, ou seja, dançava para tudo que tinha um significado para sua existência.
A expressão através da dança veio estabelecer o elo inicial da comunicação coletiva, permitindo o agrupamento, a preservação e a cooperação entre os povos primitivos. Através desta forma de comunicação foi possível, ao homem primitivo, desenvolver seu potencial interno, num sentido intelectual, social e cultural, adquirindo gradualmente, senso de organização, ordenação, divisão de trabalho, estruturando e amadurecendo o seu caminho evolutivo, dentro de um esquema coletivo. (BERTONI, 1992, p.08).
O homem utiliza-se das formas artísticas para se expressar e se comunicar. Sendo a dança a mais completa das artes, pois, reúne todos os demais segmentos artísticos, como: a música, a pintura, a escultura, o teatro e ao mesmo tempo traduz através do movimento corporal o estado emocional do indivíduo, ela acompanhou a evolução do homem facultando a ele a opção pela autonomia, pela expressão espontânea de si mesmo e pelo instigante desafio de comunicar-se autenticamente com os outros, demonstrando papéis sociais e também desempenhando relações dentro de uma sociedade, portanto, o homem e a dança evoluíram juntos nos movimentos, nas emoções, nas formas de expressão e na arte de transformar a sociedade sendo considerada a primeira manifestação do emocional humano. “Esteticamente a dança pode ser considerada como a mais antiga das artes, a mais capaz de exprimir tanto as fortes quanto as simples emoções sem o auxílio da palavra, porque esta, podendo tudo expressar, revela-se insuficiente nesses momentos”. (MENDES, 2001, p. 10)
Por todas as fases pela qual a dança passou – da primitiva à contemporânea – ela retratou épocas e etapas do desenvolvimento sócio-econômico e cultural, materializou as técnicas, os valores e os significados de todas as civilizações nas quais se fez presente, questionou e documentou seu contexto histórico refletindo e revivendo os fatos através da representação das vivências do homem no mundo e das influências que o mundo lhe apresentava nos possibilitando conhecer a cultura de um povo.
Ao percorrer a trajetória da história da dança desde os primeiros sinais de sua existência, passando por sua evolução desde a luta pela sobrevivência, caminhando pelos aspectos religioso, folclórico, artístico, até nossos dias, é possível perceber com clareza a presença da dança, tanto no mais simples, quanto nos momentos históricos que marcaram época em cada sociedade. (RANGEL, 2002, p. 40)
Enquanto manifestação cultural e canal de expressão, desde as mais remotas organizações sociais, passando pelas Antigas Civilizações e aportando na sociedade atual, contemplou, a um só tempo, diferentes necessidades entre as quais as de exteriorização do espírito do homem e as de permanente busca de realizações estéticas centradas na corporalidade, celebrou as forças da natureza, investidas bélicas, mudanças de estações, interagindo com o cotidiano. “Na vida das antigas culturas altamente desenvolvidas e dos povos naturais a dança atuou profunda e amplamente na sua existência”. (WOSIEN, 2000, p.29)
No Período Neolítico refletiram o ato ritualístico dos trabalhos do cotidiano, passou a despertar prazer através da execução e das formas dos movimentos, adquirindo um caráter artístico e desenvolvendo uma expressão musical originando as danças específicas de dançarinos que eram pagos para dançar observando-se a dança com caráter, ainda que primário, de profissionalização. Constatou-se, neste período, a divisão da dança em classes sociais distintas e em danças específicas de homens e mulheres, atribuindo um caráter de distinção de classes e de gêneros relacionados aos seus respectivos papéis sociais dentro das sociedades.
O Período Neolítico, ou das últimas culturas de tribo, já começou a apresentar os dois tipos de cultura distintas que se completam, e mais, que só existe um em função do outro: a cultura campesina e a senhorial e a dança dos virtuoses, pagos para se exibirem para quem tem o poder ou o dinheiro. (CAMINADA, 1999, p.24)
No decurso de sua história esteve envolvida em questões educativas e religiosas. Diversas civilizações utilizaram-se dela como forma de educação e expressão religiosa, porque perceberam que através desta arte, tornava-se possível educar o indivíduo de forma integrada entre corpo e mente e aproximá-lo das divindades. Podemos destacar dentre as Antigas Civilizações o Egito, cujas danças eram eminentemente ritualísticas, voltadas para a adoração das divindades; a Índia dançava inspirada na atividade divina e seguia os conceitos de energia e sabedoria como atributo à trindade básica do hinduísmo; o Japão com danças variadas e espontâneas, integravam festas e rituais, ilustravam lendas ou crenças sobre a relação entre divindades e a natureza e o teatro NÔ japonês que transmitia mensagens através de uma comunicação corporal com o intuito de educar o povo; a China com temáticas moralizadoras e filosóficas com fins educativos, sendo utilizada pelos imperadores como meio de demonstrar aos seus súditos a submissão que lhe era devida e a Grécia que atribuiu-lhe grande importância desde os primórdios de sua existência, aparecendo em mitos, lendas, cerimônias, literatura e também como matéria obrigatória na formação dos cidadãos com a finalidade de educá-lo cultivando a disciplina e a harmonia das formas, realizada de várias formas, era empregada desde a infância até à maturidade, exercendo maior ênfase na educação dos jovens como meio para preparação corporal e para desenvolver coragem e destemor, incitando os soldados para a batalha, esta civilização considerava que o belo porte simbolizava a própria beleza e para ter um corpo esbelto era necessário exercitá-lo, através do esporte e da dança, assim como, era considerado educado o homem que soubesse política, filosofia, música e dança.
O ideal de perfeição grega consistia na harmonia entre o corpo e o espírito; a beleza das formas físicas e o espírito forte eram requisitos altamente solicitados pela educação grega. Assim os exercícios de esporte e da arte da dança eram integrados desde a infância, a formação do soldado-cidadão. (NANNI, 1998, p.11)
Durante a Idade Média a razão da existência humana era a salvação da alma e para que isso acontecesse o corpo era renegado. A dança uma forma de expressar as emoções, através da utilização do corpo, e ao mesmo tempo atrelada ao prazer e ao divertimento, foi banida pelas autoridades eclesiásticas, mas contraditoriamente a própria igreja utilizou-se das danças de caráter místico como forma de atrair para o culto os fiéis necessitados de se educar na palavra de Deus.
Uma vez proibida pela igreja de ser executada em locais públicos ela passa das aldeias para os salões da nobreza. Foram modificadas a partir dos gestos rústicos dos aldeões para a finesse da côrte com seus requintes e padrões de comportamento. Essas danças se converteram mais tarde, no Ballet Clássico (dança teatral), que surgiu primeiro com caráter de lazer e divertimento e mais tarde é executado também como profissão, quando os artistas italianos preparavam luxuosos espetáculos para ocupar a nobreza e esta ficar longe dos problemas sociais e políticos da época.
Neste momento a dança é regulamentada, passa a ser uma manifestação realizada por especialistas, acentua-se o seu caráter de espetáculo, cujos elementos codificados são de domínio dos bailarinos profissionais, passou a fazer parte da educação da nobreza, com a criação em 1661 da primeira escola de danças do mundo com a finalidade de formar o corpo, despertar o patriotismo e com fins profissionais na formação dos artistas, pois, era reconhecida como a arte mais honesta e necessária para formar o corpo e para criar hábitos no que se refere à prática de exercícios físicos. Ainda no mesmo período surgiram as Danças Sociais entre elas as Danças de Salão, que segundo PERNA (2001) se originam de causas sociais, causas políticas ou acontecimentos destacados do momento e é praticada com objetivos de socialização e diversão propiciando o estreitamento das relações sociais de romance e amizade. O domínio por parte da nobreza destas danças refinadas e regulamentadas assegurava a aceitação e a qualificação do indivíduo para pertencer ao grupo social. Percebemos neste momento uma forte distinção das classes sociais com a aristocracia praticando as danças de salão, e o povo as folclóricas, representando desta forma novos padrões de comportamentos sociais.
Na Idade Média, a dança passa a ser apenas divertimento. Sua evolução prossegue apenas nesse contexto, sendo a dança-espetáculo a principal forma de dança que o mundo conhece hoje. [...] No século XV a dança como demais artes, recomeça a florescer nessa época, adquirindo determinadas regras conforme o gosto da nobreza reinante. Surge, pela primeira vez, no século XVII, o profissional da dança – o bailarino e o mestre. (HASS & GARCIA, 2003, p.75)
A partir dessa época a dança teatral passa por vários estilos: no Ballet Romântico predominavam os contos de fadas, sendo uma forma de visualizar os sonhos e os anseios do homem, vazada pela necessidade de fugir da realidade em busca de um mundo de liberdade e pelo Ballet de Ação através de seus personagens o público se reconhece no palco, pois retrata cenas da vida cotidiana. O ballet Clássico serviu de referência para o aparecimento de grande parte das modalidades que conhecemos hoje.
Em alguns países, atualmente, a Dança de Salão quando praticada profissionalmente é também chamada de Dança Esportiva, pois é realizada com o objetivo de competição nos grandes Campeonatos de Dança. O movimento foi iniciado pelos ingleses para a regulamentação desta modalidade permitindo a competitividade entre os dançarinos, constituindo-se a Federação Internacional da Dança de Salão (Esportiva).
A queda pelo espírito esportivo dos ingleses finalmente fez com que a Dança de Salão passasse de um "hobby" adotado por grande parte da população, como ocorria nas demais regiões do mundo, a um esporte regulamentado por regras e normas que permitissem o "fair play", ou seja, a comparação objetiva da performance dos concorrentes. (RIED, 2003, p.11)
Uma modalidade muito apreciada e praticada são as Danças Folclóricas que nos permitem conhecer as várias culturas de diferentes povos, regiões e épocas permitindo incorporar novos valores e atitudes contribuindo para entendermos, respeitarmos e conservamos a cultura de um povo conhecendo assim o passado, compreendendo o presente e projetando o futuro com parâmetros próprios de movimento, criação e relação com a sociedade plural em que vivemos. Através destas danças também é possível compreendermos os processos sociais, percebermos e analisarmos que a convivência entre as diferentes classes são possíveis e necessárias, podendo estabelecer-se sem preconceitos, reconhecendo os direitos de cada um, propiciando assim desenvolver um espírito socializador.
Essa forma de dança social (folclórica) desenvolveu-se como parte dos costumes e tradições de um povo que expressa sua manifestação cultural, basicamente o nacionalismo. [...] Transmitida de geração a geração, é uma das formas de dança mais antigas, datando desde a época das culturas tribais evoluídas que estabeleceram ligação com as grandes civilizações da história da humanidade. [...] A principal característica dessa dança é a integração, socialização, prazer, divertimento, respeito aos costumes e tradições. (HASS & GARCIA, 2003, p.121)
No século XX surgiu a Dança Moderna que rejeitou os artifícios e o rigor acadêmico do Ballet Clássico e fundamentou-se pela liberdade expressiva do corpo refletindo o contexto histórico na qual surgiu, um mundo industrializado onde o homem busca novas relações consigo mesmo e com a sociedade em que vive. A partir deste momento e ainda nos nossos dias surgem as mais variadas modalidades de dança, sempre atendendo, como desde o princípio, as necessidades de expressão e comunicação da humanidade explorando as infinitas possibilidades do movimento corporal.
O século XX começou e, junto com ele, surgem novas idéias em todas as áreas do conhecimento, entre elas as artes cênicas. A necessidade de transformações, liberdade, idéias renovadoras e inovadoras foram o centro das atenções nesse início de século [...] A dança não escapou à regra; transformou-se através de toda uma geração de bailarinos, coreógrafos, intelectuais que pensavam a dança para além das dimensões até então existentes. (HASS & GARCIA, 2003, p.88)
Esta arte, atualmente, se mostra fortemente envolvida no processo educacional, tanto no ambiente escolar quanto em escolas especializadas, abrangendo infinitas habilidades. Ela que é fonte de expressão da corporeidade da humanidade, vem ao encontro de atender as metas da educação, contribuindo amplamente para o desenvolvimento integral do ser humano, pela sua perfeita formação corporal, espírito de socialização; por sua criatividade, pelo incentivo às descobertas, pelos aspectos estéticos e éticos, pelo desenvolvimento da personalidade ofertando de forma intencional, criativa, espontânea, prazerosa e significativa, a oportunidade dos praticantes exercitarem sua corporeidade, tornando-se um corpo-sujeito de suas ações transformando-os e tornando-os integrantes e integrados à sociedade em que vivem. “A dança, portanto, como uma das vias de educação do corpo criador e crítico, torna-se praticamente indispensável para vivermos presentes, críticos e participantes na sociedade atual”. (MARQUES, 2003, p. 25)
Através das modalidades que requerem a imaginação e a criatividade o praticante poderá descobrir seus próprios movimentos e desta forma experimentar, sentir, articular e pensar a arte não somente como receptores, mas também como criadores, desencadeando o interesse pela pesquisa, trabalhando com seus gostos, preferências e necessidades internas, incentivando o praticante a se conhecer corporal, emocional e intelectualmente, desenvolvendo hábitos de reflexão, consenso e autocrítica.
Estes processos permitem, também, que o praticante experimente diversas possibilidades de relacionar-se eticamente com o grupo, respeitando o espaço do outro, interagindo criativamente, sem que tenha que impor suas idéias de forma agressiva. Pelo fato do praticante exercer determinado papel dentro da coreografia, poderá estabelecer um “link” sobre sua função e atuação no meio social.
Considerada como fator educacional é muito utilizada em projetos sociais com o objetivo de proporcionar às crianças e adolescentes, pertencentes aos grupos de risco social, uma oportunidade de formação integral, colaborando para a superação das adversidades e tornando-o um verdadeiro cidadão, podendo assim ser aceito como um ser humano presente e participativo na sociedade em que vive. “Por meio da dança renovam sua posição de convívio social e cultural”. (BERTAZZO,2004, p.11)
A Dança de Rua, um dos componentes da cultura Hip-Hop, neste contexto de inserção social muito tem contribuído para a aproximação e a participação de crianças e jovens nos referidos projetos sociais, porque ela traduz a sua realidade, sua cultura e é uma forma dos mesmos sentirem-se inseridos em um grupo e expressar seus sentimentos e suas idéias, canalizar a violência, saírem da marginalidade e sentirem-se sujeitos no mundo. “O indivíduo age no mundo através de seu corpo, mais especificamente através do movimento. É o movimento corporal que possibilita às pessoas se comunicarem, trabalharem, aprenderem, sentirem o mundo e serem sentidos”. (STRAZZACAPPA, 2001, p.69)
Recentemente há uma crescente participação dos indivíduos portadores de necessidades especiais nos processos artístico-educativos, esta integração enfatiza não somente a necessidade e a possibilidade destes praticantes participarem destes processos, mas, principalmente, enfatiza a aceitação, a valorização e a concepção de que qualquer corpo, “perfeito” ou não, pode se expressar através da dança e desfrutar dos benefícios que ela proporciona. A maior prova de que isso é possível é a existência de diversas companhias, no Brasil e no mundo, formada por portadores de necessidades especiais nas mais diferentes modalidades como por exemplo a Dança Contemporânea, a Dança Esportiva e o Ballet Clássico. De acordo EHRENBERG & GALLARDO (2005), a relação desta arte com a deficiência é uma forma extraordinária de explorar as possíveis habilidades físicas do corpo através de um enfoque cultural, confrontando os significados simbólicos e ideológicos que o corpo deficiente detém da dança profissional.
Conclusão
A Dança é uma manifestação artística que se perpetua por milênios adequando-se às mudanças sociais sendo praticada por diferentes povos.
Durante o seu percurso contribuiu para estabelecer padrões estéticos e de comportamento das diferentes classes sociais, reforçando a diferenciação das classes dominantes e das classes dominadas e foi canal de superação dos limites do ser humano. Como fenômeno social demonstrou potencial no processo de renovação, transformação e significação do ser humano e da sociedade.
Segundo BARRETO (2004), a dança tem diversos sentidos e significados podendo ser praticada como forma de expressão artística, expressão humana, expressão de sentimentos e expressão da sociedade, como forma de aquisição de conhecimentos, de práticas de lazer, de prazer, como libertação da imaginação, desenvolvimento da criatividade, de desenvolvimento da comunicação e como veículo de socialização.
HAAS &GARCIA (2003) atribuem funções à dança: função de auto-expressão do ser humano, pois, através dela ele descobre e compreende aspectos significativos de sua vida; a função da comunicação do homem em nível individual, interpessoal, em seu ambiente, em sua sociedade e a nível religioso; a função de ruptura do sistema e de revitalização da sociedade pelo motivo que, como as demais artes, está ligada à renovação da cultura, pela sua eterna busca das novas expressões contribuindo para a revitalização da sociedade.
Esta Arte milenar em suas várias modalidades expressou a posição e a função do homem e da mulher dentro da sociedade em diferentes épocas e contextos. Desde as antigas civilizações onde a mulher era restrita à execução das danças religiosas, passando pelas danças de côrte, no período do renascimento, que era por muitas vezes proibida de dançar ou seus movimentos restringiam ao decoro da época, até à dança moderna que foi impulsionada pela ruptura dos padrões sociais e estéticos do início do século XX por uma mulher, Isadora Duncan, podendo representar o início de sua emancipação. No entanto, ainda hoje, em alguns momentos e de forma velada, transparece o domínio da figura masculina, onde a mulher deve se deixar conduzir pelo homem remetendo à sociedade patriarcal. “A condução reflete uma construção social, traços de uma herança cultural com bases patriarcais e sexistas. O homem deve dirigir, a mulher o acompanha: ao pai, aos irmãos e depois ao marido”. (PACHECO, 1998-1999, p.11)
A dança certamente contribuiu para a constituição, perpetuação e disseminação da cultura de todos os povos que dançaram e que ainda dançam permitindo conhecermos a diversidade cultural que se espalha pelo mundo em todas as épocas e contextos históricos acompanhando a evolução da humanidade.
Referências bibliográficas
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BERTAZZO, Ivaldo. Espaço e corpo: guia de reeducação do movimento. São Paulo: Sesc, 2004.
BERTONI, Iris Gomes. A dança e a evolução, ballet e seu contexto teórico, programação didática – São Paulo: Tanz do Brasil, 1992.
CAMINADA, Eliana. História da Dança: evolução cultural – Rio de janeiro: Sprint, 1999
EHRENBERG, Mônica Caldas. GALLARDO, Jorge Sérgio Pérez. Dança: conhecimento a ser tratado nas aulas de Educação Física Escolar. Motriz, Rio Claro, v.11, n.2, p.111-116, mai./ago. 2005
HASS, Aline Nogueira. GARCIA, Ângela Ritmo e Dança. Canoas, RS: Ulbra, 2003.
MARQUES, Isabel A. Dançando na escola – São Paulo: Cortez, 2003.
MENDES, Mirim G. A dança, 2ª ed. – São Paulo: Ática, 2001
NANNI, Dionísia. Dança Educação: pré-escola à universidade, 2ª ed. – Rio de Janeiro: Sprint, 1998.
PACHECO, Ana Julia Pinto. Educação Física e Dança: Uma Análise bibliográfica. Pensar a Prática 2: 156-171, Jun./Jun. 1998-1999.
PERNA, Marco Antonio. Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira. Rio de Janeiro: O Autor, 2001.
RANGEL, Nilda B. C. Dança, educação, educação física; propostas de ensino da dança e o universo da educação física – São Paulo: Fontoura, 2002.
RIED, Bettina. Fundamentos de Dança de Salão: Programa internacional de Dança de Salão; Dança Esportiva Internacional. Londrina, PR: Midiograf, 2003.
STRAZZACAPPA, Márcia. A Educação e a Fábrica de Corpos: A Dança Na Escola. Cadernos Cedes, ano XXI, no 53, pp. 69-83 abril/2001
WOSIEN, Bernhard. Dança: um caminho para a totalidade – São paulo: Triom, 2000.
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