Ragga ou DanceHall - Danças Urbanas


Ragga ou dancehall digital é um gênero de música eletrônica surgido através de influências do dancehall, na Jamaica, em meados dos anos 80, sendo Wayne Smith considerado o primeiro a gravar uma música no estilo ("Under Mi Sleng Teng").
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Características

O ragga assemelha-se ao reggae, porém partes da instrumentação (ou a maioria vasta dela) são digitais. O estilo é geralmente associado com o dancehall. “Ragga” é a abreviação para o “raggamuffin,” originalmente um termo usado pela juventude dos guetos de Kingston; Devido aos custos relativamente baixos de ritmos feitos por sintetizadores, o ragga transformou-se na modalidade preferida para muitos produtores jamaicanos, também os permitiu fugir da ideia de “roots”, pois o ragga não precisava ser feito com a mesma fé que os rastafaris usavam para compor um reggae.

Embora o ragga seja ligado nas mentes de muitos com o DJ que brinda os cantores com fortes batidas, os cantores dirigem-se freqüentemente a interesses românticos e de rastafari, e os dois estilos vocais são misturados freqüentemente. O primeiro registro do ragga foi em 1985 com a canção de Wayne Smith 1985 "Under Mi Sleng Teng" que foi produzida por King Jammy e composta em torno de um ritmo pré-programado em um teclado Casio MT-40, e seu impacto foi imediato. Durante os anos 90 o ragga continuou firmemente como o som mais popular nos dancehalls jamaicanos.

Começou a incorporar técnicas de amostragem do hip-hop, e diversos de seus artistas marcaram batidas do crossover nos Estados Unidos. O ragga foi também uma influência importante na cena original de jungle/drum'n'bass do Reino Unido, o ragga é sim considerado uma parte do hip hop.

História | Origens

Ver artigo principal: Dancehall
O dancehall é um estilo musical popular jamaicano que nasceu no fim dos anos 70. A princípio era um estilo mais escasso e menos político e religioso do reggae do que o estilo reggae roots que dominou a maior parte dos anos 70.

O estilo moderno do dancehall é híbrido e caracteriza-se por um "seletor" (DJ) ou um “deejay” (MC) que canta e produz as próprias batidas (riddim) com colagens de reggae ou com recursos musicais originais. Geralmente são abordados temas de rude boys. A estrutura musical é enraizada no reggae embora os ritmos jogados digitalmente o tornem consideravelmente mais rápido.

Em meados dos anos 80, o instrumental ficou mais digital mudando o som consideravelmente. Com o tempo o dancehall digital (ou o popular "ragga") foi cada vez mais sendo caracterizado por ritmos mais acelerados com pouca conexão com os ritmos do início do reggae. Pelos anos 90, o cruzamento do dancehall com muitos gangsta rap era comum.

O estilo de dancehall moderno também é popularmente conhecido como bashment.

Ragga, o dancehall digital

O hit "(Under Me) Sleng Teng" de Wayne Smith, com um riddim totalmente digital produzido por King Jammy em 1985, levou o reggae dancehall a outro nível. Muitos creditam essa música como sendo o primeiro riddim digital do reggae. Utilizando um teclado Casio MT-40, King Jammy levou o reggae ao dancehall digital, ou a era do ragga. No entanto isso não está muito certo, já que há exemplos de produções digitais feitas antes como o single "Sensi Addict" de Horace Ferguson produzido por Prince Jazzbo em 1984. O riddim "Sleng Teng" é um dos que mais foram gravados e refeitos ao longo dos tempos.

O estilo de cantar dos deejays acompanhado dessa musicalidade mais digital se separou dos conceitos tradicionais da música popular jamaicana. Se nos anos 70 o reggae era vermelho-dourado-verde (cores da bandeira rastafari), na década seguinte se tornou uma corrente de ouro. Foi removido de sua postura cultural roots, e houve vários debates entre puristas do roots, que questionavam se aquele estilo musical ainda seria considerado como sendo uma extensão da música reggae.

Essa mudança no estilo novamente viu o surgimento de uma nova geração de artistas, como Shabba Ranks (que se tornou o mais conhecido artista de ragga no mundo), Supercat, Cutty Ranks, Buju Banton. Houve um novo leque de produtores que também se destacaram: Philip "Fatis" Burrell, Dave "Rude Boy" Kelly, George Phang, Hugh "Redman" James, Donovan Germain e Bobby Digital. Wycliffe "Steely" Johnson e Cleveland "Clevie" Brown, conhecidos por Steely & Clevie, chegaram a desafiar a posição de Sly & Robbie como os líderes na produção de riddims na Jamaica. Os deejays foram ficando cada vez mais focados em letras de slackness (sexo) e violência. Artistas como Bounty Killer, Cobra, Ninjaman e Buju Banton acabaram se tornando grandes figuras no gênero.

Para acompanhar o som mais pesado dos deejays, surgiu um estilo mais leve de vocal que veio do reggae roots e do R&B, marcado por falsetes e uma entonação quase feminina, como Pinchers, Cocoa Tea, Sanchez, Admiral Tibet, Frankie Paul, Half Pint, Conroy Smith, Courtney Melody, Carl Meeks e Barrington Levy.

No começo dos anos 90, músicas como "No No No" de Dawn Penn, "Mr Loverman" de Shabba Ranks, "Worker Man" de Patra, "Oh Carolina" de Shaggy e "Murder She Wrote" de Chacka Demus & Pliers se tornaram alguns dos primeiros super hits de dancehall nos Estados Unidos e no mundo. Várias outras variedades de dancehall alcançaram sucesso fora da Jamaica em meados dos anos 90. Tanya Stephens mostrou um estilo distinto de vocal feminino ao gênero durante os anos 90.

Entre os anos de 19990 e 1994,houve a entrada de artistas como Buju Banton, Bounty Killer, Lady Saw, Shaggy, Diana King, Spragga Benz, Capleton, Beenie Man e uma mudança ainda maior no som do dancehall, trazida pela introdução de uma nova geração de produtores e o fim da produção de riddims tipicamente influenciados pelo controle de Steely & Clevie.

Foi a partir de 1992, com a repercussão internacional à letra considerada homofóbica da música "Boom Bye Bye" de Buju Banton e com a realidade da violência em Kingston (que viu a morte dos deejays Pan Head e Dirtsman), que marcou outra grande mudança no dancehall, desta vez de volta ao rastafari e aos temas culturais, com diversos artistas de ragga slackness se voltando para a religião. Assim, a cena do ragga consciente foi se tornando um movimento cada vez mais popular. Uma nova geração de "singjays" - cantores na linha mais melódica - e "deejays" surgiu voltando à era do reggae roots, como Garnet Silk, Tony Rebel, Sanchez, Luciano, Anthony B e Sizzla. Artistas como Buju Banton e Capleton, que antes se dedicavam às letras de slackness, se voltaram a escrever mais e mais sobre direitos iguais e justiça. Dessa maneira foi surgindo o reggae new roots, ou seja, o novo reggae roots, seguindo as mesmas tradições dos anos 70 porém com uma pegada mais atualizada, voltada para a nova geração.

Durante os anos 90, o ragga remanesceu firmemente como o som mais popular para os dancehalls jamaicanos. Começou a incorporar técnicas do hip-hop, e diversos de seus artistas marcaram presença no meio do hip-hop nos Estados Unidos; o ragga era também uma influência importante na cena do jungle/drum'n'bass do Reino Unido.

O começo dos anos 2000 viu o sucesso de novos artistas nas paradas musicais, como Elephant Man e Sean Paul. E cada vez mais a cena do dancehall cresceu e vários deejays e singjays foram somando nessa lista de sucesso, entre eles, Mr Vegas, Lexxus, Red Rat, Baby Cham, Wayne Marshall, Wayne Wonder, Kiprich, Damian Marley, Zumjay, Vybz Kartel, Assassin, Mavado, Idonia, Busy Signal, Gyptian e Demarco. Também houve a popularidade dos grupos vocais T.O.K e Ward21, e a safra de cantoras/deejays como Queen Paula, Cecile, Spice, Sasha, Macka Diamond, Timberlee, Tifa, D'Angel, Natalie Storm, Ms Thing, entre várias outras.

O ragga mais voltado para o new roots também teve um grande crescimento, dividindo espaço nas festas com o ragga/dancehall. Embora os temas de ambos na maioria das vezes sejam bem diferentes, vários artistas gravam suas letras em ambos os ritmos - new roots e dancehall hardcore. Artistas jamaicanos mais voltados ao new roots com destaque internacional são Jah Mason, Chuck Fenda, Richie Spice, I Wayne, Turbulence, Fantan Mojah, Lutan Fyah, Junior Kelly, Jah Warrior, Perfect, Chezidek, Determine e a cantora Queen Ifrica, embora muitos outros aparecem a cada dia.

Ragga internacional

O ragga foi se expandindo além das fronteiras da Jamaica para o resto do Caribe, e acabou aos poucos atingindo outras partes do mundo. Um dos primeiros deejays brancos a se destacar internacionalmente no estilo no começo dos anos 90 foi o canadense Snow, com seu hit "Informer". Hoje em dia, os europeus Alborosie (Itália), Gentleman (Alemanha), Million Stylez (Suécia) e Ill Inspecta (Polônia) são sucesso mundial no ragga, cantando em inglês. Já o artista Collie Buddz (Bermudas) é o único cantor branco do Caribe a ter um grande reconhecimento no meio do circuito ragga internacional. Atualmente, o judeu Matisyahu (EUA) experimentou um sucesso internacional fazendo ragga.

Hoje em dia o ragga tem uma cena muito forte em países como Itália, França, Portugal, Japão e Alemanha, onde ocorrem diversos shows internacionais, soundclashes e grandes festivais dedicados ao gênero. Vários artistas locais também fazem sucesso nesses países cantando em seus idiomas de origem.

Alguns artistas de ragga internacional são:

França: Daddy Mory, Lord Kossity, Krys, Yannis Odua, Neg'Marrons, Admiral T, Loo Ranks, Mad Killa, Saël, Tairo.
Japão: Ranking Taxi, Ryo the Skywalker, Fireball, Pushim, Homegrown, Mighty Jam Rock, Pang, Munehiro, Megaryu & Lecca, Ichi Bang Boshi Crew.
Alemanha: Nosliw, Seeed, D-Flame, Benjie, Tolga, Culcha Candela, Natty Flo, Dr Ring-Ding, Raggabund

Ragga latino

O ragga latino, cantado na língua espanhola, surgiu no Panamá com cantores como Nando Boom e El General. Alguns anos depois, através do ritmo dem bow, acabou gerando sua versão irmã, o reggaeton. Porém o reggaeton segue uma linha diferente com características próprias, embora ainda se assemelha-se bastante ao ragga-dancehall na linha de vocal e na marcação das batidas.

Alguns artistas de nome na cena do ragga de língua espanhola são:

Panamá: Kafu Banton, I Nesta, Joc Polo, Bossy D;
Espanha: Morodo, Little Pepe, Daddy Maza, Chulito Camacho;
Argentina: Fidel Nadal, Alika;
Chile: I Mosa, Oskr-T, Boomer;
República Dominicana: Newton.
Ragga no Brasil[editar | editar código-fonte]
No Brasil, o ragga teve início nos anos 90 nas periferias da Grande São Paulo. Alguns pioneiros nesse estilo no Brasil foram toasters paulistas como Pepeu, Frank Frank, Rica Caveman (da banda Nômade), Grupo Kaya e o curitibano Toaster Eddie. Mesmo sem fazer propriamente o estilo ragga, grupos como Defalla, Skank, Planet Hemp e O Rappa deram uma importante contribuição ao mostrar ao grande público canções com forte influência de ragga.

Atualmente movimento ragga-dancehall brasileiro vem se fortalecendo cada vez mais e sua popularidade cresceu a partir de 2002, principalmente em São Paulo através da Família 7 Velas, e cantores solo como Pump Killa, Arcanjo Ras, Lei Di Dai e Poetiza. São Paulo vem se tornando a capital do ragga nacional com vários cantores,produtores, sound systems e festas dedicadas ao gênero. No Espírito Santo o Ragga vem sendo tocado e cantado nos bailes e festas juntamente com o rap.feito pelo o Raggaman Fabiann Ifrikan ele que é africano naturalizado em São Luis do maranhão e também em São Paulo leva a cultura do ragga dancehall para Vitória-ES fazendo a Festa Ragga Fyah. Ainda no Espírito Santo, a cena ragga se enriquece com o grupo Lecasul, que trabalham a fusão do Rap com o Raggamuffin.

Em Salvador existe um movimento muito interessante onde destacam-se o MinistereoPublico (primeiro Soundsystem da Bahia) que realiza desde 2007 o tradicional baile Quintas Dancehall conhecido em todo Brasil e no exterior como uma das melhores festas de Reggae Dancehall do Brasil. Já passou grandes nomes da cena Reggae, Sound System nacional e internacional como Eek a Mouse; Mad Professor; MIllion Stylez; Martin Campbell, Channel One Sound System entre outros. Dj Raíz Seletor (MinistereoPúblico, Bemba Trio e Coletivo Crokant) é considerado o primeiro Dj de Ragga/ Dancehall da Bahia. E Tem a cantora Soraia Drummond que foi premiada em 2010 pelo Rumos Itaú com uma canção que interpreta o poema Navio Negreiro de Castro Alves em Ragga/Dancehall. Importante também no movimento de Ragga/Dancehall soteropolitano, foi o Ital Sound System, residente do Ital Studio de Ras Vicente de Jesus, que trouxe da europa para Salvador fortes influências do New Roots, produzindo o primeiro New Roots mix tape gravado na Bahia, "JAH WIPNESS" com participação de Ital Bispo, Ras Diego, Léo Dub, Daniel Seiva, Ras Ari, Marauak, I jah Well, Zabah Bush. Destaque para a Semente da Paz, banda que maior representa o Reggae/Ragga/Dancehall na cena de Salvador.

Passos de dança do dancehall

A popularidade do dancehall gerou vários passos de dança que ajudam a dar mais vibe nas festas e deixam as performances de palco mais energéticas. Muitos dos passos vistos em videos de hip-hop na verdade são variações de passos do dancehall. Várias crews de dançarinos ganham notoriedade ao criar e popularizar esses passos, e muitos deejays como Elephant Man e Beenie Man escrevem letras sobre os novos passos de dança que surgem.

Alguns exemplos de passos de dança: "Like Glue", "The Myspace", "The Bogle", "Heel-Toe", "Blazay-Blazay", "Pon the River, Pon the Bank", "Chaka Chaka", "Scooby Doo", "Spongebob", "Signal the Plane", "Hot Fuk", "Tek Weh Yuhself", "Whine Up" (mix de pop, dance, R&B, hip-hop e dancehall), "Boosie Bounce", "Drive By", "Shovel It", "To Di World", "Dutty Wine", "Nuh Linga", "Beyonce Wine", "Gully Creepa".

Com o surgimento das dancehall queens executando os passos de dança, ajudoua elevar a cena dancehall a outro estágio. Com muita sensualidade em seus trajes, às vezes essas dançarinas podem chegar a beirar a vulgaridade. São sempre vistas com muito profissionalismo nos concursos onde concorrem a grandes prêmios, ganhando fama e status. Dancehall queens japonesas chegaram a vencer importantes concursos na Jamaica, se tornando altas celebridades no circuito dancehall internacional.



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