Jazz - No Brasil

Não se pode falar em uma data ou momento específico e pelas mão de quem o jazz dance apareceu no Brasil. Sabe-se que chegou ao país com grande impacto por meio da televisão e pelos teatros de revista. Propagandas, aberturas de novelas, seriados. Assim o povo brasileiro foi tendo seu primeiro contato com essas formas de linguagem.
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Essa dança negra convertida em algo já chamado e (re)conhecido como jazz nos anos 80, era uma das mais populares formas de expressão. Quem não se lembra ou não ouviu falar na montagem de Chorus Line, ou mesmo das coreografias de Lannie Dale e seu Dzi Croquettes? Ou as aulas que Jo Jo Smith ministrava? Do primeiro musical que tivemos em terras brasileiras. The Brazil Export? Escolas de referência do jazz nos anos 80, como a Steps, ou  o Joyce ballet.

Impossível contar a história do Jazz Dance no Brasil sem pontuar figuras expressivas que fizeram e ainda continuam acreditando nessa forma de arte. Entre esses nomes destacam-se Vilma Vermon, Débora Bastos, Marly Tavares, Rose Calheiros, Caio Nunes, Fernanda Bath Chamma, Erika Navachi, Oswald Berry, Roseli Rodrigues, Carlota Portella, Alexandre Magno, Cristina Cará, Ana Araújo, Jhean Allex, Edy Wilson, Regina Dragone e outros.

Desdobramentos
Dos anos 90 em diante as coreografias de Jazz Dance tem incorporado novas características a cada apresentação, festival competitivo ou mostra de dança. Cenários, figurinos elaborados, temáticas diferentes, pesquisas de linguagem e incorporação de movimentos provenientes de outras técnicas de dança, hoje podem ser vistas na cena. Mas é inevitável olhar para  o cenário e questionar se esse Jazz Dance que era visto na década de 80, se transformou ou desapareceu, pois ele não é mais o mesmo.

O corpo ensina que as informações não têm lugar, somente conexões. O corpo é um resultado co-evolutivo da sua relação com a sociedade, ou seja, troca e recebe informações do e com o ambiente em que vive, a todo tempo. Um comportamento cultural é aquele que se dá por transmissão social, e a proposta aqui é que se pense em uma  teoria cultural do corpo para poder aplicá-la ao corpo que dança.

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Esse processo também se aplica ao jazz que nasceu com movimentos africanos, incorporou tendências americanas e no Brasil adquiriu novas características se moldou a um novo corpo. Todas essas transformações do estilo criaram novas oportunidades para o indivíduo, variando desde o reaparecimento de práticas culturais adormecidas, até o aparecimento de novas formas de relacionamento com a arte. O jazz pode ser configurado como um sistema de propriedades próprias, que se organiza exatamente como pensa e sobrevive por processos adaptativos de evolução.


E uma das principais características da perspectiva evolutiva é deixar claro que existem traços comuns entre os nossos corpos e o ambiente que habitamos. Neste raciocínio, o jazz que víamos nos anos 80 pode sim ser remontado nos dias de hoje, mas será interpretado de forma diferente, pois o corpo adquiriu outra linguagem. A identidade do Jazz Dance é relativa à sua atividade, se forma ao longo do tempo e sempre está sendo formada. Deve ser praticado por amantes do gênero e ministrado por um profissional especializado.

Nesse cenário, em que se encontram história e desdobramentos, é que nos colocamos agora. O jazz sempre vai se revelar aos olhos do movimento como a dança da liberdade. E se "toda dança é uma espécie de roteiro febril, um gráfico do coração" (Martha Graham), só cabe ao corpo potencializar sua força.

Fonte: Revista Guia das Escolas de Dança
(Jornalista Marcela Benvegnu, pesquisadora e crítica de dança.)

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