Paraíba - Volta ao Brasil em 27 Danças.
Vamos adentrar mais um capítulo dessa nossa mágica viagem pelo Brasil. Chegamos agora ao Estado da Paraíba, um lugar alegre e muito quente com um povo lutador e acolhedor. E como sempre vamos falar um pouco do Estado da Federação e na sequência de uma dança folclórica típica da região. Para os leitores que chegaram agora em nossa viagem podem conferir de perto todo o roteiro em nossa Postagem Índice: Volta ao Brasil em 27 Danças. Esta é uma série dividida em 27 postagens sobre os Estados Brasileiros e suas Danças Folclóricas.
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Paraíba
A Paraíba é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situada a leste da região Nordeste e tem como limites o estado do Rio Grande do Norte ao norte, o Oceano Atlântico a leste, Pernambuco ao sul e o Ceará a oeste. Ocupa uma área de 56.439 km² (pouco menor que a Croácia). A capital do estado é a cidade de João Pessoa, outras cidades importantes são: Campina Grande, Santa Rita, Patos, Sousa, Cajazeiras, Guarabira, Cabedelo, Sapé, Pombal, Catolé do Rocha , São Bento e Monteiro . O relevo é modesto, mas não muito baixo, 66% do território se encontra entre 300 e 900 m de altitude.
O maior "São João" do Mundo.
Antes do São João
Antes do evento ser criado já se dançava forró e se comemorava o São João em Campina Grande. As festas de São João, Santo Antônio e São Pedro eram comemoradas com animação entre familiares e amigos convidados para as festas particulares, em volta de grandes fogueiras. Havia dança de forró em sítios, granjas e fazendas. Outros lugares onde se costumava festejar esses dias eram no Aero-club de Campina Grande, no Clube dos Caçadores e na Juventude Franciscana, que funcionava no auditório do Convento São Francisco. Além destes, o forró pé-de-serra era dançado nos clubes Paulistano, Ipiranga, Flamengo e Forró de Alcatrão. Mesmo nessa época, artistas famosos vinham prestigiar a cidade com suas apresentações: Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda, Marinês e Sua Gente, Abdias do Fole de Oito Baixos, Conjunto Zé Lagoa, Antônio Barros e Ceceu, Elino Julião, João Gonçalves, Zé e Manoel Calixto. Nos bairros de Campina, havia organizações de quadrilhas em várias ruas, em participação massiva da comunidade. Alguns patrocinantes era o Café São Braz e o Café Aurora, que davam as bandeirolas e o som. O prefeito da época, Ronaldo Cunha Lima, vendo a potencialidade das festividades juninas na cidade, resolveu concentrar as festas no centro da cidade, aumentando a participação do povo campinense. Nasce, assim, O Maior São João do Mundo.
Primeira Edição
Desde a sua primeira edição, o evento é realizado no Parque do Povo. Para a construção do Parque do Povo houve duas etapas. Primeiramente, uma palhoça com piso feito com cimento queimado foi construída. Palhas de coqueiros foram usadas para cobrir a palhoça e ornamentação da área, que era conhecida como Coqueiros de Zé Rodrigues.
Um "Mutirão" foi organizado para fazer o São João naquela área. Tendo a organização sido feita de última hora, os integrantes do mutirão estavam a pregar bandeirolas e a esperar o cimento secar poucas horas antes do início do evento. Depois disso, foi sucesso absoluto. Das mil camisas que mandaram fabricar para venda no primeiro São João, tiveram que completar 12 mil, pois os pedidos eram muitos. Esse número foi crescendo nos outros anos, tendo aumentado para 25 mil e 30 mil nos próximos 2 anos.
Tendo o prefeito Ronaldo Cunha Lima visto o sucesso atingido, fez toda a área do futuro Parque do Povo ser urbanizada e a Pirâmide do Parque do Povo ser construída. Além disso, também por conta do sucesso do evento, as casas de show Spazzio, Forrock, Vilá Forró, Vale do Jatobá, dentre outras, foram construídas em Campina.
Com o tempo, todas as atrações, barracas e tudo que se encontra no São João de Campina foram aparecendo: comidas típicas, artesanatos, os palcos, quadrilhas, ilhas de forró, cenários, casamento coletivo, trem do forró, etc.
Essa iniciativa de promover o São João de Campina Grande, tomada pelo poeta-prefeito Ronaldo Cunha Lima e sua equipe de governo, repercutiu além da região polarizada pelo município, projetando a cidade no calendário do turismo de eventos do País e levando a EMBRATUR a inserir e consagrar a marca " MAIOR SÃO JOÃO DO MUNDO" entre os principais festejos populares brasileiros.
O Evento
Todos os anos, em junho, desde 1983, a cidade de Campina Grande apresenta 30 dias consecutivos de festa: é O Maior São João do Mundo. A cidade recebe uma quantidade gigante de turistas que chegam de todas as regiões do Brasil e do mundo para viver o clima de festa e para dançar forró.
Para a realização do evento, Campina Grande conta com uma ótima infra-estrutura, que faz da festa de São João um mega evento, capaz de atrair e divertir milhares de pessoas. A festa se realiza no Parque do Povo - que seria similar à Vila do Forró em Caruaru - , que mede 42 mil e 500 metros quadrados de área e que se encontra totalmente ornamentado com bandeirolas e fogueiras.
Durante o mês de junho, Campina Grande vira uma grande quadrilha, decorada por todos os lados, desde as zonas rurais da cidade, incluindo os bairros urbanos até chegar no Parque do Povo.
Reduto de violeiros, cordelistas e artistas, a exemplo de Jackson do Pandeiro, Elba Ramalho e Genival Lacerda, a cidade paraibana adota o tradicional forró pé de serra o ano inteiro, ainda mais no mês de junho.
São mais de 480 atrações exibidas durante os 30 dias de São João: 160 trios de forró, 5 ilhas de forró onde se apresentarão mais de 90 atrações e 6 grandes palcos. Só no palco principal passam mais de 70 atrações. Haja fôlego para mais de 500 horas de forró.
Uma curiosidade: na época do racionamento de energia, em 2001, foi que o Parque do Povo incorporou ainda mais o clima de interior, pois a prefeitura de Campina Grande exigiu que todas as barracas usasem candeeiros e lampiões para iluminar os seus estabelecimentos, dentre outras mudanças no evento.
Pirâmide
A Pirâmide é o espaço coberto, que durante as festas juninas ocorre campeonato das quadrilhas das cidades próximas de Campina Grande e onde forrozeiros podem dançar sem se preocupar com as freqüêntes chuvas do inverno, que acontecem em junho.
Expresso do Forró
Dentro da programação do São João se destaca o Expresso do Forró, um passeio de trem que acontece nos fins de semana do evento e que leva seus passageiros da Estação Velha, em Campina, até o distrito de Galante, um belo lugarejo repleto de turistas, onde a animação toma conta das ruas e pavilhões. O trajeto de ida e volta é feito em uma locomotiva toda decorada com motivos juninos, onde em cada vagão se apresenta um autêntico trio de forró. Ao chegarem a Galante os passageiros são recepcionados por quadrilhas juninas e podem se acomodar em pavilhões, onde podem degustar iguarias típicas, ou dançar o forró ao som de várias atrações. A paisagem rural é um convite a um passeio, seja a pé ou de charrete, onde se pode sentir o clima acolhedor da população.
Casamento Coletivo
Além das danças e das festas, o São João de Campina Grande Campina oferece diversas outras atrações: em uma delas, o Parque do Povo virá palco de casamento, durante o dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro, quando são realizadas dezenas de casamentos conjuntos, no Casamento Coletivo. Muitas pessoas sem poder aquisitivo realizam o sonho do casamento em festas com tudo pago pela Prefeitura da cidade. Já no dia de São João, são reservadas as melhores atrações e Campina Grande recebe o estrondo de dezenas de fogos de comemoração, por mais de 10 minutos.
Sítio São João
Um ponto muito importante para visitação turística é o Sítio São João: um cenário rural de 800 metros quadrados, que fica no Arraial Luiz Gonzaga e que reproduz o cotidiano de um sítio do passado no interior nordestino. Ao todo, encontram-se uma Igreja, bodega, uma casa de Mangaio, Casa de Farinha (principal atividade econômica da época) e a casa do morador, que por possuir utensílios e rudimentos utilizados na época, faz o visitante voltar no tempo.
Vila Nova da Rainha
Outro lugar interessante é a reprodução da época que Campina Grande ainda era vila: a "Vila Nova da Rainha". São 15 casinhas, uma igreja e um coreto, tudo construído em uma arquitetura semelhante a original, onde os turistas podem fazer suas compras de artesanato e confeccionados, produzidos a partir de diversas matérias-primas como madeira, estopa, bucha vegetal, sisal, barro, couro ou tecido. É no pátio das casinhas que acontecem as as tracidionais brincadeiras do pau-de-sebo, corrida de saco, burreata, adivinhações… além das corridas de jegue e da fogueira.
Cidade Cenográfica
Neste lugar, pode-se ver réplicas de lugares importantes da cidade, formando uma cidade artesanal, como a Catedral de Nossa Senhora da Conceição (18 metros de altura), a primeira igreja de Campina e atual catedral da Cidade. Répicas do Museu Histórico e Geográfico de Campina Grande e do Cassino Eldorado (8,5 m) também podem ser encontradas. Tanto o museu quanto o cassino eram grandes atrações nacionais que se apresentavam na cidade nas décadas de 30 e 50. Até hoje o cassino se encontra na Rua Manuel Pereira de Araújo, na feira Central. Em 2005, fizeram a pavimentação desta área de 2.900 m², facilitando as danças, tornando-as mais cômodas.
Ilhas de Forró
Para quem quer dançar muito forró, além dos shows que ocorrem nos 6 palcos, existem 5 Ilhas de Forró distribuídas ao longo do Parque do Povo. Essas ilhas são espaços reservados para danças onde se toca o autêntico forró pé-de-serra. Durante as 30 noites de festas, passam por essas ilhas 90 trios de forró, juntando uma quantidade imensa de pessoas que realmente estão ali para dançar forró de verdade, pois a concentração de forrozeiros é muito grande. As ilhas são palhoças com um espaço relativamente grande, caracterizadas como as palhoças juninas da zona rural.
Fogueira Cenográfica
A fim de tonar o cenário ainda mais em clima junino, todos os anos monta-se uma fogueira gigante, a Fogueira Cenográfica, dentro do Parque do Povo. São 20 metros de altura e é construída a partir de cola, poliuretano, tecido, dentre outros. Ao ver a fogueira, qualquer um diria que foi feita de madeira, de tão perfeita que foi sua construição.
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