Espírito Santo - Volta ao Brasil em 27 Danças.

Oitavo estado da federação em ordem alfabética, chegamos a mais uma visita de peso na concepção cultural de nosso Brasil viajando nesta série: Volta ao Brasil em 27 Danças. Como sempre falaremos um pouco do estado e depois daremos ênfase a uma manifestação folclórica típica da região, que envolva a dança.

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Espírito Santo é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado na região Sudeste e tem como limites o oceano Atlântico a leste, a Bahia a norte, Minas Gerais a oeste e noroeste e o estado do Rio de Janeiro a sul, ocupando uma área de 46 077,519 km². Sua capital é o município de Vitória. Outros importantes municípios são Aracruz, Cariacica, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Guarapari, Linhares, São Mateus, Serra, Viana e Vila Velha. O gentílico do estado é capixaba ou espírito-santense.


Manifestações Culturais
Em Vitória, as festas populares tradicionais mais distintas são as de Nossa Senhora da Penha, as comemorações católicas de Santo Antônio, em 13 de junho, de São Pedro dos Pescadores, na praia do Suá, em 29 de junho, e de Nossa Senhora da Vitória, em 8 de setembro. Em Guarapari, realiza-se a festa de Nossa Senhora da Conceição, em 8 de outubro, e o alardo, realizada no ciclo de Natal ou nos dias 19 e 20 de janeiro. Em Cachoeiro de Itapemirim, o Dia de Cachoeiro, 29 de junho, é celebrado com uma semana de eventos em que ocorrem exposição agropecuária, bailes, shows populares, desfiles e caxambu da ilha da Luz.Em diversas cidades e aldeias litorâneas, como Guarapari, Marataízes, Anchieta, Piúma e Conceição da Barra, o dia de São Pedro, 29 de junho, padroeiro dos pescadores, é festejado também com procissões marítimas. Em Conceição da Barra, acontece a festa do Reis de Bois, no ciclo natalino.


Reis de Bois
O reis de bois é um velho folguedo popular, ainda corrente em São Mateus, Conceição da Barra e outras localidades ao norte do estado. Compõe-se de várias figuras, entre as quais: o boi, personagem principal; pai Francisco, o vaqueiro; e sua mulher Catirina; João Mole, um boneco desengonçado; a cobra, seu Pai, ou vosso Pai e Agaú, um gigante fantasma. Essas são as figuras grotescas que participam da função. Mas, além dessas, há no Reis de Bois, um grupo de marujos, que toca pandeiros e canta, bem como um sanfonista que os acompanha. Todos sob a direção de um mestre.

O resi de bois assemelha-se aos bumba-meu-boi do norte e do nordeste. Claramente se verifica que a Catirina deve ser a mesma tia Catirina, do bumba baiano e a mãe Catirina do bumba do Maranhão. Mas o ponto de referência mais estreito está no boi — figura central dos dois autos populares. Como nos bumba-meu-boi, o animal do reis-de-boi entra em cena, dança, cabrioleia, dá marradas e, lá pelas tantas, morre. Nos bumbas, há nessa cena, os conhecidos versos:

O meu boi morreu
Que será de mim?
Manda buscar outro
Lá no Piauí

No reis-de-boi da Bugia, nessa hora se canta:

Eu não sei como é
Eu não sei como foi
Botaro a mandinga
Mataro o meu boi

Ai meu Deus
Minha Mãe de Deus
No meio do salão
O meu boi morreu

Num e noutro folguedo, o boi ressuscita e torna a dançar e a dar marradas nas figuras e nos assistentes. As outras personagens têm, também, cada qual a sua vez de entrar e brincar — e o auto assim se vai desenrolando, agitado e por vezes malicioso e brejeiro, com o seu Pai, a Catirina, a cobra, o João Mole e Agaú, a fantasma.

O reis de bois — como se vê do próprio nome — é representado nas festas de Santos Reis, podendo, todavia, repertir-se em louvor de São Sebastião (20 de janeiro) e de Nossa Senhora das Candeias (2 de fevereiro). E porque a festa é de Reis há, como nos ternos e folias do reisado, cantigas e descantes alusivos ao Natal e aos Magos.


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