Considerações Sobre o Ensino do Ballet Clássico - Parte 5
A Escola Dinamarquesa
"Influência da Itália e essência do requinte francês."
Legítimo produto das escolas francesa e italiana a escola dinamarquesa teve sua origem em Vincenzo Galeotti.
O bailarino e coreógrafo florentino Galeotti foi aluno de Noverre, em Stuttgart, e de Gasparo Angiolini, a quem reconheceu como seu mestre ideal, em Veneza. Galeotti estabeleceu-se definitivamente em Copenhague em 1775, sendo reconhecido como o continuador da linha mais progressiva da coreografia italiana e fundador do ballet na Dinamarca, cultivado até então de forma insegura e com obras sem importância.
Galeotti foi seguido pelos Bournonville, Antoine e Auguste, pai e filho, respectivamente.
Auguste Bournonville, foi aluno de seu pai, de Galeotti e, na sua juventude, de Auguste Vestris. O estilo acadêmico francês constitui-se na quintessência da linguagem coreográfica de Bournonville e da própria escola dinamarquesa, que se formou e de afirmou sob sua liderança, ainda que sobre as bases já estabelecidas de Galeotti.
No Royal Danish, a dança acadêmica de tradição francesa e de origem italiana sofreu um processo de purificação e de estilização técnico-expressiva na qual Bournonville imprimiu sua própria personalidade, reconhecível em seu equilíbrio e em sua articulada riqueza de composição, em seu nobre e luminoso lirismo romântico distante de qualquer introspecção, concebido com uma sutil claridade feliz e alegre, no cuidado pelo perfeito refinamento na execução de cada passo, valorizado pelo relevo da ½ ponta, pela ligeireza e pela facilidade do ballon carente de qualquer aparência de virtuosismo espetacular. Reconhecível também na valorização da dança masculina, técnica e expressivamente valorizada, onde se exige domínio absoluto de baterias e de grands jetés e se observa uma menor utilização dos braços, tanto na aula quanto na criação coreográfica, além de um exigentíssimo trabalho de pés.
O estilo de Bournonville foi preservado intacto até hoje graças a uma impermeável tradição didática e interpretativa. Através de Christian Johannson, seu aluno, que atuou mais tarde em São Petersburgo, influenciou, juntamente com as escolas francesa e italiana, a escola russa, influência que se refletiu em todo o mundo do ballet do século XX, primeiramente através dos “Ballets Russes de Diaghilev” e mais tarde através do método de ensino de Agripina Vaganova.
O célebre crítico Arnold Haskell no seu livro "Ballet" (ps.187 e 188) afirma que o estilo de Bournonville é talvez o mais antigo ainda vivo, a essência do charme francês que se perdeu para a própria França.
O que Haskell colocava em 1955 pode ser considerada válido até hoje:
"(...) Atualiza-se o estilo adotando o universalmente aceito pelas demais coreografias e escolas das grandes potências do ballet ou se permanece como guardião de um tesouro do passado, um charmoso e pitoresco remanso fora da modernidade do ballet? O que se coloca é que bailarinos formados por estilos mais gerais e abrangentes conseguem ser perfeitos intérpretes de Bournonville, mas não se tem certeza de que os dinamarqueses alcançam a perfeição em "O Lago dos Cisnes" ou "Les Sylphides (...) Não há nada em comum entre Petipa e Fokine, mas uma verdadeira técnica clássica deve abranger ambos e mais Balanchine, Roland Petit – e Bournonville. Mas não se pode afirmar que o estilo dinamarquês não tem chance de se universalizar, sobretudo pela presença de Vera Volkova, aluna de Vaganova que foi aluna de Johannson (...)"
O tempo tem se incumbido de celebrizar inúmeros bailarinos de formação dinamarquesa, dentre os quais Erik Bruhn, Harald Lander, Peter Schaufuss, Helgi Tomasson, Ib Andersen, Peter Martins, Johan Kõbborg, entre inúmeros outros. Apesar das bailarinas Kirsten Simone, Toni Lander e Rose Gad, por exemplo, terem conhecido fama internacional, sem dúvida, os homens são superiores.
Todos os créditos deste material de pesquisa são da Autora Eliana Caminada
Considerações Sobre o Ensino do Ballet Clássico:
- Tratados de Dança Ballet - Sua Origem,
- Origem do Ballet,
- A escola Italiana,
- A escola Francesa,
- A escola Dinamarquesa,
- A escola Russa de Vaganova,
- Os norte americanos na extraordinária tradução de Balanchine.
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