Danças Circulares

Hoje tenho a honra de apresentar a todos vocês leitores do Mundo da Dança um estilo de dança que nos acompanha desde os primórdios da humanidade: Danças Circulares. Esse tipo de dança é mais do que um conjunto, é simplesmente sociavel no mais amplo sentido.

Danças Circulares são danças de roda, recolhidas de diversas partes do mundo em diferentes períodos. Existem danças muito antigas que vão passando de geração para geração e outras coreografadas recentemente. O que caracteriza essas danças é o espírito comunitário que elas promovem.

As origens das danças circulares se confundem com as origens da própria Humanidade. O homem sempre dançou em círculo, celebrando as estações do ano, as colheitas, a chuva, o sol, os nascimentos e as mortes, a guerra, a paz... os ciclos da vida e da natureza.
Ao dançar em círculo, aprendemos a nos apoiar mutuamente, a olhar para o outro de igual para igual; a expressar o amor mais puro que temos dentro de nós; despertamos a criatividade, a confiança, o respeito, a força da vida e a cooperação. Adultos, crianças e idosos dançam juntos, na mesma roda.


O Movimento nas várias culturas: Dança e Movimento Corporal.(Paulina Ossana.)

A formação: a primeira formação do período étnico foi a organização circular, colocando homens e mulheres sem ordem pré concebida até fechar a roda: era a dança de roda circular ou elíptica dos grandes antropóides.


Era a dança uma forma de viver, um sinônimo de vida em seus mais elevados estados de amor, trabalho, religião. O círculo era muito fechado, os dançarinos davam fortemente as mãos, os cotovelos e os polegares. Era a época da magia, exorcismos e encantamentos. Depois o círculo evolui com uma “fissura” para que espíritos benéficos pudessem entrar, e que os maus pudessem fugir. 
Num dado momento da história, o número de dançarinos chega a ser insuficiente para cobrir com sua magia todas as zonas que deveriam ser protegidas e beneficiadas, então, o círculo se abre, dando o nascimento a formação em cadeia.

A cadeia move-se em forma serpenteante, o desenho faz arcos e ondula em curvas, tem por função desorientar os maus espíritos. Nesta etapa aparece o guia, que conduz o restante dos dançarinos, este costumava alternar-se com outro, no momento que o cansaço o invade, e ao fazê-lo ele entrega um elemento simbólico da finalidade da dança, o qual vai agitando em sua mão livre. 
Com o tempo, quando estas formas coreográficas passaram a fazer parte do folclore, o elemento simbólico foi substituído pelo lenço.
  • Danças Folclóricas: que tem sua origem em cerimônias de ritos tradicionais pertencentes a um estrato popular.
  • Danças populares: que o povo dança em toda ocasião feliz. Sua origem é indecifrável, adotam formas e estilos próprios de cada região e não tem tradicionalmente relação com cerimônias.
  • Dança popularizadas: do meio aristocrático, criada pelos mestres, adotadas pelo povo e quase de imediato adaptadas por ele.
  • Danças de caráter étnico: é quando mais se parece com a “expressão corporal”.

Danças Circulares
A principal referência que temos dentro das danças circulares é Bernhard Wosien, um bailarino, pedagogo da dança, desenhista e pintor, que dedicou muitos anos de sua vida a coletar as danças étnicas.
Foi em Findhorn – Escócia no ano de 1976 que Bernhard Wosien, a pedido de Peter Caddy ensinou pela primeira vez uma coletânea de Danças para os residentes de Findhorn.

(...) quando surgimos no espaço e nele nos movimentamos, temos que dar passos. A escola de dança é a escola do caminhar. O fluxo contínuo da corrente do tempo recebe através do contato do pé um compasso. Através dos passos determinamos uma medida de tempo e ao mesmo tempo uma medida no espaço. O passo torna mensurável, de acordo com a música, o ato da dança no espaço e no tempo, vivenciável e possível de ser repetido. O nosso pensamento aprende com o pé a acertar o passo, e assim construímos uma coluna entre o céu e a terra. (WOSIEN: 2000, p. 40)
A dança circular veio para o Brasil
No Brasil, conta-se, que as danças circulares chegaram a meados da década de 80, através de Sara Marriot, uma senhora, ex-residente de Findhorn que veio residir no Centro de Vivencias Nazaré, em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo.
"Ao dançar, o mundo é de novo circulado e passado de mão em mão. Cada ponto na periferia do circulo é ao mesmo tempo um ponto de retorno. Se dançarmos um dança matinal, saudando o nascer da aurora dançando, perceberemos, quando nos movimentamos ao longo do circulo, como as nossas sombras, neste circular singular, também descrevem um circulo.Assim, nos percebemos que giramos 360 graus. Sentimos na caminhada uma mudança através da reviravolta conjunta".
(WOSIEN,2000; p. 120).
Sobre as Danças: As danças circulares são praticadas em grupos. O grupo, em círculo, segue um coreografia e, conectados entre si, reúnem energias em busca da harmonia, da consciência do todo. No Círculo não existe hierarquia, e as atitudes de competição são substituídas por atitudes cooperativas, onde os participantes do grupo podem ajudar a superar os erros uns dos outros, manifestando o melhor de cada um. 

As Danças Circulares são desenvolvidas visando ampliar o conhecimento, em direção ao bem estar físico, mental, emocional, energético e social. Inúmeros ritmos, cantos e danças, de povos e culturas do mundo são vivenciados. Em meio a momentos de muita descontração e também, momentos de introspecção, a pessoa que está na roda se percebe como um ser humano íntegro.

No trabalho com as pessoas de todas as idades as danças circulares podem sensibilizar, socializar, resgatar valores humanos, incentivar as interações entre os grupos, promover o dialogo amoroso entre as pessoas, desenvolver o senso de organização coletiva através da roda e o senso rítmico pela música e pelo movimento corporal que ela cria, e principalmente “despertar” relacionamentos saudáveis dentro do contexto social em que vivemos.

Dentro das linguagens artísticas tem-se a oportunidade da expressão positiva de angustias, medos sentimentos que são na maioria das vezes expressados de forma inadequada.
Gradativamente o ser humano adquire autocontrole, uma maior consciência corporal, e a
responsabilidade por seus atos. A arte oportuniza ao ser humano acessar e desenvolver aspectos de sua personalidade de forma prazerosa, ajustando emoções, organizando e educando pensamentos e sentimentos, auxiliando na formação de indivíduos mais equilibrados.

Alguns benefícios das Danças Circulares

  • Ampliar a percepção a atenção e a concentração;
  • Promover a identificação e a empatia com os outros;
  • Despertar a musicalidade; ritmo, leveza e flexibilidade;
  • Trabalhar as habilidades interativas e de grupo;
  • Desenvolver a habilidade de documentar e comunicar experiências internas;
  • Incentivar o indivíduo a expressar o que ele tem de melhor;
  • Desenvolver a capacidade de intimidade interpessoal;
  • Compreender a dança como forma de expressão não verbal;
  • Viabilizar o auto conhecimento e a expressão individual e coletiva;
  • Possibilitar a comunicação humana através do diálogo corporal;
  • Evocar respostas corporais específicas.
"Toda composição perfeita consiste de compasso, ritmo e melodia.Em toda composição musical estes três elementos contrapõem-se em interação e tensão vivas e permanentes. O compasso representa a visão espiritual do todo, a clareza e a ordem. O ritmo responde pela vitalidade, pela tensão, pelo pulsar do fluxo sangüíneo. A melodia representa o lado verdadeiramente humano, seu querer da alma e seus sentimentos, em todas as suas nuances". (WOSIEN,2000; p. 14)
"Desde a pré-história até os inícios da cristandade, no decorrer do ano as pessoas tentam fazer com eu suas vidas entram em ressonância com a ordem cósmica anual, os ritmos do sol e da lua e com o girar dos planetas, através de cultos e festas".
(GABRIELLE- MARIA WOSIEN,2000; p. 27).
"A dança é a mãe das artes. A música e a poesia existem no tempo; a pintura e a escultura no espaço. Porém a dança vive conjuntamente no tempo e no espaço. O criador e a criação, o artista e sua obra, nela são uma coisa única e idêntica. Os desenhos rítmicos do movimento, o sentido plástico do espaço, a representação animada de um mundo visto e imaginado, tudo isto é criado pelo homem com seu próprio corpo por meio da dança, antes de utilizar a substância, a pedra e a palavra para destiná-las à manifestação de suas experiências exteriores".
Kurt Sachs - História Universal da Dança

WOSIEN, Bernhard. Dança: um caminho para a totalidade. São Paulo: Triom, 2000.
WOSIEN, Maria-Gabriele. Dança Sagrada: deuses, mitos e ciclos. São Paulo: Triom, 2002.
SACHS Kurt - História Universal da Dança, Paris, 1938.

2 comentários

Lygia Silva disse...

parabéns, adorei a matéria.... muito interessante...

Anônimo disse...

nao foi utiu oq vc escreveu, no meu caso. mas bem interesante

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