Qual o Sentido da Dança? - Parte II

As diferenças de expressões - impressões.

Dando continuidade aos estudos da dança no comportamento humano e de como ele está profundamente ligado a cultura dos povos através de toda sua história.
Trago mais uma postagem sobre esse assunto tão fantástico quanto intrigante.
Começo fazendo um pergunta - Se a dança não existisse como os seres humanos se comunicariam?


A reação individual à música, no entanto, está associada à cultura do indivíduo. Cada povo dança de forma diferente. Nota-se, por exemplo, que os ocidentais tendem a reprimir muito mais o instinto de se movimentar, resumindo a sua dança involuntária a uma discreta marcação do ritmo com pés e mãos.
Os hindus preferem dançar com o corpo todo, saltando, girando e executando movimentos mais soltos com os braços.

Mesmo assim, há algumas reações em comum. Repetir movimentos compassados, por exemplo, produz o mesmo efeito instintivo, qualquer que seja a música. "É por isso que a dança rítmica do candomblé leva ao estado de catarse", explica Mauro Muszkat. Pode explicar também a fascinação dos jovens por discotecas e raves. Em meio à multidão em movimento, até mesmo os mais retraídos conseguem esquecer a timidez e deixam de lado a sensação de estranheza. Essa reação se aplica até mesmo a bailarinos profissionais que treinam para ter controle total sobre os movimentos e confessam se sentir fora de si sobre o palco.

O estudo dos primórdios da civilização mostra a ligação entre a dança e a busca do espiritual, como se pode ver nas primeiras representações do homem dançando em cerimônias rituais, segundo as pinturas rupestres espalhadas em várias partes do mundo.

O homem sempre sentiu necessidade de interagir com o mundo e os outros por meio do movimento.
A maior parte dessas pinturas mostra homens vestidos com peles e máscaras de animais, alternando-se entre saltos e giros que deveriam provocar a sensação de vertigem ou de êxtase. Mesmo hoje, grupos étnicos de várias partes do mundo mantêm essa espécie de dança participativa em manifestações religiosas ou rituais. Como interpreta Graziela Rodrigues, coordenadora do curso de dança da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e pesquisadora dos rituais brasileiros e ameríndios, "nesses momentos, o corpo torna-se um meio de entrar em contato com o sagrado". 

A história da dança no Ocidente mistura o caminho do sagrado e do profano. Na Grécia Antiga, por exemplo, as coreografias rituais, realizadas em homenagem a Dionísio, deus da fertilidade e do vinho, tornaram-se uma cerimônia popular, depois incorporadas ao teatro e transformadas em diversão. Bem mais tarde, por volta do século 10, na Idade Média, a Igreja Católica baniu todas essas manifestações de origem ritualística, separando a dança da religião no mundo ocidental. É claro que não conseguiu extinguir as manifestações dos costumes populares e muitas vezes teve que acomodar-se ao inevitável, como as danças de aleluias executadas diante das portas das igrejas.

Com o Renascimento, a dança passa a ser codificada por mestres a serviço da corte. "A dança era usada para mostrar poderio econômico", afirma a professora Eveline Borges, do curso de dança da Unicamp. "As coreografias e ritmos praticados por cada grupo evidenciam seu status na sociedade." O exemplo mais significativo está no balé clássico e nas grandes danças cênicas, nascidas da necessidade de ostentar luxo, opulência e de uma etiqueta rigorosa durante o reinado de Luís 14 na França. Ainda hoje, a relação entre dança e diferenciação social e cultural se mantém – a turma do pagode não é a mesma dos grupos clubers no seu jeito de dançar, para citar um exemplo.

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O bem que ela faz
A capacidade da atividade motora e o ritmo estimularem regiões do cérebro levou vários profissionais a usarem a dança como terapia para pacientes com alguns tipos de deficiência física e sensorial. O objetivo é aproveitar o potencial da dança de trabalhar com os cinco sentidos e, dessa forma, ajudar o cérebro a encontrar um novo "caminho" para os estímulos se traduzirem no corpo.
"Pacientes com mal de Parkinson muitas vezes conseguem fazer movimentos, durante atividades com música e ritmo, que não conseguiriam em situações comuns", afirma o neurologista Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo. Por sua vez, a professora Ieda Maria Maia, de Educação Física, relata os bons resultados obtidos com a dança entre portadores de deficência física e neurológica das Casas André Luiz, em Guarulhos, Grande São Paulo. O grupo já fez várias apresentações. "Pacientes retomam o controle de movimentos e muitos melhoram a postura", conta Ieda.

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